Encontramos
pessoas em todos os lugares que se afirmam como designer e webdesigner. Pessoas
que fizeram algum cursinho aqui e ali,
como Microlins, SOS Computadores, Prepara, etc., esses que
sabemos que não formam ninguém. O problema é que esses “formandos” acabam
imaginando que são realmente profissionais e acabam desvalorizando o conceito
da profissão. Por outro lado, há ainda aqueles que, formados em outra área,
acreditam que possuem conhecimento necessário para ser webdesigner,
simplesmente por não compreender bem o que realmente esse profissional deve
saber. Ser designer não é fácil e nem
barato.
Já discutimos anteriormente o que é design. E até mesmo explicamos que design não é simplesmente uma manifestação artística.
Existe o costume de se dizer que quando
uma palavra atinge um significado popular ela muda de conceito.
Mas isso não pode ser aplicado a profissões. Muito menos a definições dessas
profissões. O problema com a comunicação, criado a partir dessa falta de
terminologia, pode trazer consequências desastrosas para profissionais de
tecnologia sérios.
O que é um Webdesigner?
O WebDesigner (web designer e até mesmo
web-designer) é o profissional responsável por projetar artefatos digitais para
a internet. Seu trabalho não se resume a criatividade artística ou a somente
criação de imagens estáticas. Assim como qualquer designer, é necessário que
ele entenda de todos os processos do projeto. No caso do webdesigner é necessário
compreender de: arte, heurística, anatomia, leitura, conteúdo, marcação,
lógica, programação, semântica, SEO e diagramação. Algumas outras coisas
estão intrínsecas dentro desses estudos citados. Assim como todo o
designer, sua metodologia de trabalho é muito parecida com a de um arquiteto,
que precisa conhecer várias áreas e acompanha todos as etapas do
desenvolvimento do projeto, desde sua concepção até acabamento e decoração (ou
perfumaria).
O Webdesigner também cria conteúdo avulso para
internet. Não somente sites, mas interfaces para RIAs, animações, banners,
facebook etc. Assim como qualquer outra profissão, existem áreas onde o
designer pode se especializar mais. Mas, independente de sua especialização,
ele precisa ter o conhecimento teórico e prático que se aplica a qualquer outro
webdesigner.
Fazer o layout no Photoshop me torna um
WebDesigner?
Conheci muitas pessoas que simplesmente criavam um
layout estático JPG e se diziam webdesigners, não só autônomos como também em
algumas agências. Isso cria uma visão deturpada do que realmente a profissão é
e acaba por desvalorizar o trabalho dos verdadeiros profissionais. O
webdesigner é, acima de tudo, um profissional
de tecnologia da informação, e para isso, precisa estar a par de
diversos assuntos ligados a sua área. Saber implantar e implementar o próprio
trabalho é o mínimo esperado de qualquer designer.
Fato que o designer precisa conhecer a linguagem
com a qual ele está trabalhando. Isso não quer dizer obrigatoriamente que o
designer precisa dominar a área de programação. Mas que precisa ter compreensão
aprofundada do conteúdo e poder realizar, discutir e, se necessário, contratar
alguém para um determinado trabalho. Além disso, esse conhecimento é importante
para compreender as limitações tecnológicas de sua contemporaneidade. Há cerca
de 10 anos, a internet era um lugar extremamente estático, hoje temos
tecnologias que nos permitem fazer conteúdos mais dinâmicos, mas isso não quer
dizer que possamos fazer uma imagem gigante em um blog e esperar que ele abra tão rápido
quanto um avião ultrasônico.
O WebDesigner precisa acompanhar o mercado de
tecnologia
Ainda insistindo na parte de conhecimentos gerais
de tecnologia, entramos nas pesquisas de utilização de dispositivos. Anos
atrás, as pessoas usavam modems para se conectar na internet, equipamentos
extremamente lentos em comparação aos dias de hoje. Para a felicidade dos
profissionais, a banda larga se popularizou e puderam começar a fazer conteúdos
mais pesados, porém o péssimo serviço de banda “alargada” 3G no Brasil trouxe
uma internet quase tão (e as vezes mais) lenta do que a antiga discada. E ainda,
cobrando extra por mega adicional ou bloqueando o serviço. Todo o designer digital deve conhecer, no mínimo, o
hardware com que trabalha.
Quanto a dispositivos, é necessário compreender que
tipo de dispositivos está sendo utilizado pelo o público alvo. Mais uma vez
devo lembrar que o público alvo ser todo mundo não existe nem para a Coca-Cola.
É necessário compreender se o conteúdo vai ser mais utilizado em computadores
novos, antigos, tablets, smartphones, netbooks, computadores de mesa, etc. O
usuário do site deve ser recompensado por atualizar a máquina e não penalizado.
Para isso, é preciso acompanhar novas linguagens, técnicas e tecnologias.
O WebDesigner cria, se inspira, rouba, mas não
copia.
Vocês já devem ter ouvido a frase de Picasso, que
diz que “Bons artistas copiam,
Os melhores roubam”, já expliquei essa afirmação anteriormente.
E necessário lembrar que o que ele diz com copiar, é pegar as coisas boas de
outros artistas, e roubar não é pegar algo
para si e assinar, mas sim, recriar e melhorar algo de forma que
todo mundo pense que não existia aquilo antes da sua versão. O iPad por
exemplo, não foi o primeiro Tablet PC, mas parece ter sido, mesmo para quem
sabe a história, o mesmo acontece com Bombril, Gilette e
até mesmo com Henry Ford.
O WebDesigner de verdade tem domínio suficiente de
suas ferramentas a ponto de desenvolver seus próprios layouts e templates.
Recentemente, discutimos alguns casos de pessoas que pegavam templates prontos na internet, mudavam, quase
sempre, uma cor e depois assinava como designer. Um webdesigner
de verdade assinaria o trabalho de outro? Ética acima de tudo.
É necessário ler e estudar, existem publicações
específicas para entender quais são as tendências atuais na área de webdesign.
Essas tendências mudam tanto quanto na moda e rapidamente pode ser anulada por
outra. Há dois anos, as pessoas estavam discutindo sobre Web 2.0, hoje já se
fala em 3.0 e alguns até citam a 4.0!
Não é barato ser WebDesigner
Já discutimos anteriormente o custo para se tornar um designer, e também
o custo para se tornar um desenvolvedor. Já
que o WebDesigner precisa também conhecer técnicas e linguagens de programação,
é aceitável que seu custo seja ainda maior, tanto quanto a estudo, quanto a
tecnologia.
É necessário possuir diversos equipamentos para testes,
já que hoje as pessoas consomem conteúdo web em diferentes aparelhos, desde
tablets, smartphones, netbooks e até mesmo televisão e aparelhos de GPS. Com
emuladores, ainda não se obtém o mesmo resultado do que diretamente nos
dispositivos. Isso sem contar a diferença com sistemas operacionais e navegadores,
que podem até parecer sutis, mas acontece as vezes de quebrar o layout do site.
É necessário estudar HTML, PHP, JavaScript, Action
Script 3, Edição de Imagens, compactação, Servidor, SEO, Mídias Socias, CMS,
história, colorimetria, etc. E estudar, mesmo que por conta própria e não numa faculdade ou curso, custa dinheiro,
não só em livros, mas o tempo que se demora aprendendo é um tempo que poderia
ser revertido em dinheiro através de outro tipo de trabalho
remunerado. Softwares também são coisas caras. A suite CS6 da Adobe não
sai por menos de 3500 dólares, isso sem contar custo com sistema operacional,
anti-vírus, office e outros aplicativos importantes, inclusive os para
dispositivos móveis.
O Webdesigner não se desvaloriza
Certa vez fui a uma entrevista emprego, era para trabalhar como
designer para Rich Internet Applications
(RIAs). Sentei, conversei, falei de toda a minha experiência com
Flex, Action Script 3 e tudo mais. Então ele me perguntou:
— Qual a sua pretensão salarial?
— R$2000,00 reais inicialmente.
— Como é? — Olhou-me o indivíduo com cara de
espanto, como se tivesse visto uma testemunha de jeová. — 2 mil reais por um
designer??
Logo ele se recompôs e disse que iria ligar. Nunca
ligou.
Em um segundo caso, mais recente, li um anúncio e o
cara pediu para mandar a pretensão salarial por e-mail. Novamente enviei:
— 2 mil reais, mais benefícios.
Em seguida, recebi um email resposta:
— Aqui só contratamos por 1 mil reais, podemos
adicionar um pouco mais se tiver domínio absoluto em PHP e MySQL.
Respondi o email dizendo que estava muito abaixo da
média salarial e que se ele já sabia quanto queria pagar, para quê pediu
pretensão salarial?
Conclusão
Para ser webdesigner não basta simplesmente “saber
fazer” layouts no Photoshop ou
Fireworks. É necessário ter conhecimento de diversas tecnologias e saber
implementar, com funcionalidade, toda a ideia que se teve durante a elaboração.
É preciso saber quando dizer não a um
cliente e tentar administrar as vontades dele contra o que realmente funciona.
Precisa entender os porquês e se manter atualizado em tecnologias e conteúdo
para internet.
Quem contrata os serviços de um designer, tem que
compreender o custo que tudo isso envolve e o conhecimento necessário para se fazer
um bom site. Desconfie dessas pessoas que
oferecem sites por 400 reais, 800 reais, o custo mínimo de um site institucional de um profissional
honesto é a partir de 2,3 mil reais com a nota. Lembre-se que só
a nota fiscal, quando requerida, vai custar quase 25% do valor para o designer.
Mas e você, caro leitor? Conhece webdesigners de
verdade, você é um webdesigner de verdade? Agora você já sabe diferenciar um
profissional de um curioso.
Artigo muito Bom...
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