31 julho, 2016

O Que Faz um WebDesigner?

Encontramos pessoas em todos os lugares que se afirmam como designer e webdesigner. Pessoas que fizeram algum cursinho aqui e ali, como Microlins, SOS Computadores, Prepara, etc., esses que sabemos que não formam ninguém. O problema é que esses “formandos” acabam imaginando que são realmente profissionais e acabam desvalorizando o conceito da profissão. Por outro lado, há ainda aqueles que, formados em outra área, acreditam que possuem conhecimento necessário para ser webdesigner, simplesmente por não compreender bem o que realmente esse profissional deve saber. Ser designer não é fácil e nem barato.
Já discutimos anteriormente o que é design. E até mesmo explicamos que design não é simplesmente uma manifestação artística. Existe o costume de se dizer que quando uma palavra atinge um significado popular ela muda de conceito. Mas isso não pode ser aplicado a profissões. Muito menos a definições dessas profissões. O problema com a comunicação, criado a partir dessa falta de terminologia, pode trazer consequências desastrosas para profissionais de tecnologia sérios.

O que é um Webdesigner?
O WebDesigner (web designer e até mesmo web-designer) é o profissional responsável por projetar artefatos digitais para a internet. Seu trabalho não se resume a criatividade artística ou a somente criação de imagens estáticas. Assim como qualquer designer, é necessário que ele entenda de todos os processos do projeto. No caso do webdesigner é necessário compreender de: arte, heurística, anatomia, leitura, conteúdo, marcação, lógica, programação, semântica, SEO e diagramação. Algumas outras coisas estão intrínsecas dentro desses estudos citados. Assim como todo o designer, sua metodologia de trabalho é muito parecida com a de um arquiteto, que precisa conhecer várias áreas e acompanha todos as etapas do desenvolvimento do projeto, desde sua concepção até acabamento e decoração (ou perfumaria).
O Webdesigner também cria conteúdo avulso para internet. Não somente sites, mas interfaces para RIAs, animações, banners, facebook etc. Assim como qualquer outra profissão, existem áreas onde o designer pode se especializar mais. Mas, independente de sua especialização, ele precisa ter o conhecimento teórico e prático que se aplica a qualquer outro webdesigner.

Fazer o layout no Photoshop me torna um WebDesigner?
Conheci muitas pessoas que simplesmente criavam um layout estático JPG e se diziam webdesigners, não só autônomos como também em algumas agências. Isso cria uma visão deturpada do que realmente a profissão é e acaba por desvalorizar o trabalho dos verdadeiros profissionais. O webdesigner é, acima de tudo, um profissional de tecnologia da informação, e para isso, precisa estar a par de diversos assuntos ligados a sua área. Saber implantar e implementar o próprio trabalho é o mínimo esperado de qualquer designer.
Fato que o designer precisa conhecer a linguagem com a qual ele está trabalhando. Isso não quer dizer obrigatoriamente que o designer precisa dominar a área de programação. Mas que precisa ter compreensão aprofundada do conteúdo e poder realizar, discutir e, se necessário, contratar alguém para um determinado trabalho. Além disso, esse conhecimento é importante para compreender as limitações tecnológicas de sua contemporaneidade. Há cerca de 10 anos, a internet era um lugar extremamente estático, hoje temos tecnologias que nos permitem fazer conteúdos mais dinâmicos, mas isso não quer dizer que possamos fazer uma imagem gigante em um blog e esperar que ele abra tão rápido quanto um avião ultrasônico.


O WebDesigner precisa acompanhar o mercado de tecnologia

Ainda insistindo na parte de conhecimentos gerais de tecnologia, entramos nas pesquisas de utilização de dispositivos. Anos atrás, as pessoas usavam modems para se conectar na internet, equipamentos extremamente lentos em comparação aos dias de hoje. Para a felicidade dos profissionais, a banda larga se popularizou e puderam começar a fazer conteúdos mais pesados, porém o péssimo serviço de banda “alargada” 3G no Brasil trouxe uma internet quase tão (e as vezes mais) lenta do que a antiga discada. E ainda, cobrando extra por mega adicional ou bloqueando o serviço. Todo o designer digital deve conhecer, no mínimo, o hardware com que trabalha.
Quanto a dispositivos, é necessário compreender que tipo de dispositivos está sendo utilizado pelo o público alvo. Mais uma vez devo lembrar que o público alvo ser todo mundo não existe nem para a Coca-Cola. É necessário compreender se o conteúdo vai ser mais utilizado em computadores novos, antigos, tablets, smartphones, netbooks, computadores de mesa, etc. O usuário do site deve ser recompensado por atualizar a máquina e não penalizado. Para isso, é preciso acompanhar novas linguagens, técnicas e tecnologias.

O WebDesigner cria, se inspira, rouba, mas não copia.
Vocês já devem ter ouvido a frase de Picasso, que diz que “Bons artistas copiam, Os melhores roubam”, já expliquei essa afirmação anteriormente. E necessário lembrar que o que ele diz com copiar, é pegar as coisas boas de outros artistas, e roubar não é pegar algo para si e assinar, mas sim, recriar e melhorar algo de forma que todo mundo pense que não existia aquilo antes da sua versão. O iPad por exemplo, não foi o primeiro Tablet PC, mas parece ter sido, mesmo para quem sabe a história, o mesmo acontece com BombrilGilette e até mesmo com Henry Ford.
O WebDesigner de verdade tem domínio suficiente de suas ferramentas a ponto de desenvolver seus próprios layouts e templates. Recentemente, discutimos alguns casos de pessoas que pegavam templates prontos na internet, mudavam, quase sempre, uma cor e depois assinava como designer. Um webdesigner de verdade assinaria o trabalho de outro? Ética acima de tudo.
É necessário ler e estudar, existem publicações específicas para entender quais são as tendências atuais na área de webdesign. Essas tendências mudam tanto quanto na moda e rapidamente pode ser anulada por outra. Há dois anos, as pessoas estavam discutindo sobre Web 2.0, hoje já se fala em 3.0 e alguns até citam a 4.0!
Não é barato ser WebDesigner
Já discutimos anteriormente o custo para se tornar um designer, e também o custo para se tornar um desenvolvedor. Já que o WebDesigner precisa também conhecer técnicas e linguagens de programação, é aceitável que seu custo seja ainda maior, tanto quanto a estudo, quanto a tecnologia.
É necessário possuir diversos equipamentos para testes, já que hoje as pessoas consomem conteúdo web em diferentes aparelhos, desde tablets, smartphones, netbooks e até mesmo televisão e aparelhos de GPS. Com emuladores, ainda não se obtém o mesmo resultado do que diretamente nos dispositivos. Isso sem contar a diferença com sistemas operacionais e navegadores, que podem até parecer sutis, mas acontece as vezes de quebrar o layout do site.

É necessário estudar HTML, PHP, JavaScript, Action Script 3, Edição de Imagens, compactação, Servidor, SEO, Mídias Socias, CMS, história, colorimetria, etc. E estudar, mesmo que por conta própria e não numa faculdade ou curso, custa dinheiro, não só em livros, mas o tempo que se demora aprendendo é um tempo que poderia ser revertido em dinheiro através de outro tipo de trabalho remunerado. Softwares também são coisas caras. A suite CS6 da Adobe não sai por menos de 3500 dólares, isso sem contar custo com sistema operacional, anti-vírus, office e outros aplicativos importantes, inclusive os para dispositivos móveis.

O Webdesigner não se desvaloriza
Certa vez fui a uma entrevista emprego, era para trabalhar como designer para Rich Internet Applications (RIAs). Sentei, conversei, falei de toda a minha experiência com Flex, Action Script 3 e tudo mais. Então ele me perguntou:
— Qual a sua pretensão salarial?
— R$2000,00 reais inicialmente.
— Como é? — Olhou-me o indivíduo com cara de espanto, como se tivesse visto uma testemunha de jeová. — 2 mil reais por um designer??
Logo ele se recompôs e disse que iria ligar. Nunca ligou.
Em um segundo caso, mais recente, li um anúncio e o cara pediu para mandar a pretensão salarial por e-mail. Novamente enviei:
— 2 mil reais, mais benefícios.
Em seguida, recebi um email resposta:
— Aqui só contratamos por 1 mil reais, podemos adicionar um pouco mais se tiver domínio absoluto em PHP e MySQL.
Respondi o email dizendo que estava muito abaixo da média salarial e que se ele já sabia quanto queria pagar, para quê pediu pretensão salarial?

Conclusão
Para ser webdesigner não basta simplesmente “saber fazer” layouts no Photoshop ou Fireworks. É necessário ter conhecimento de diversas tecnologias e saber implementar, com funcionalidade, toda a ideia que se teve durante a elaboração. É preciso saber quando dizer não a um cliente e tentar administrar as vontades dele contra o que realmente funciona. Precisa entender os porquês e se manter atualizado em tecnologias e conteúdo para internet.
Quem contrata os serviços de um designer, tem que compreender o custo que tudo isso envolve e o conhecimento necessário para se fazer um bom site. Desconfie dessas pessoas que oferecem sites por 400 reais, 800 reais, o custo mínimo de um site institucional de um profissional honesto é a partir de 2,3 mil reais com a nota. Lembre-se que só a nota fiscal, quando requerida, vai custar quase 25% do valor para o designer.
Mas e você, caro leitor? Conhece webdesigners de verdade, você é um webdesigner de verdade? Agora você já sabe diferenciar um profissional de um curioso.


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